segunda-feira, 26 de novembro de 2012

2012 e s(m)eus problemas.

É tanta coisa pra falar que nem sei por onde começar.
Estou tão frustrada, tão puta da vida com esse ano de merda, que sinceramente não consegui traçar uma linha clara de raciocínio para essa postagem. Principalmente porque tem um bando de imbecis, que não me conhecem, mas são cheios de criticar minha vida e o que escrevo aqui, pensando ser algum tipo de blog tentando ser cômico/irônico, e não vida real. Sério, se não entendeu ainda, isso é SIM um desabafo real, não é pra ser cômico ou irônico e, se você acha que é, suma dessa página já!
Enfim... Quando me demiti daquele lixo da Contax, coloquei na minha cabeça que encontraria um emprego na minha área. Afinal, sempre tive as melhores notas no colégio, as melhores notas da faculdade, e na pós-graduação a coisa vai progredindo muito bem. Tenho me dedicado ao meu TCC como jamais me dediquei a algo antes. Meus trabalhos são feitos a base de suor e sangue, de noites mal dormidas e força de raciocínio ímpares. Decidi que merecia algo mais do que o salário mínimo de atendente de telemarketing e os xingamentos dos clientes. Havia decidido, meses antes, quando deixei as aulas do Estado de São Paulo, que encontraria um emprego fixo, em alguma empresa onde eu poderia ficar por anos seguidos, sentindo a doce sensação de dever cumprido; a sensação única de saber que seu serviço é único.
É. Até agora nada. Até agora, estou desempregada. Há mais de um ano, estou esperando e correndo atrás de alguma empresa onde isso seja possível. Passei por todo tipo de situação no ano de 2012 procurando emprego. Uma mais revoltante que a outra. Se não era a empresa que era podre, como uma ONG Cristão, filiada a um partido político na Casa Verde, em São Paulo, como empresas terceirizadas de RH, que forneciam vagas fantasma na internet, com informações erradas ou, o mais provável, intencionalmente distorcidas. Até propostas de prostituição recebi ao me candidatar a uma vaga de vendedora de roupas. Desde então, me limitei a procurar serviços na minha área. Sou formada em história, e estou terminando uma pós-graduação em História da Arte. Amo o que estudo e o que escolhi. Mas isso parece não significar nada para o mundo.

Concomitantemente, a situação financeira da minha família não tem sido das melhores. Meu pai, que apesar dos 62 anos de idade (completos no dia de hoje), continua agindo como uma garoto de 15. Gasta dinheiro demais em coisas desnecessárias, vive a base de segredinhos fora de casa, some com amigos e parentes, reaparece horas depois, por vezes de madrugada, até alcoolizado, e ri como se nada acontecesse. Quando as contas começam a vencer, o bom humor e a disponibilidade, toda a jovialidade, parece se esvair no ar. São encenações copiosas da tal personagem Carminha que tendem a reaparecer aqui em casa, com explosões mútuas aos berros e mimimis de todo o tipo. "Porque eu sou isso, eu sou aquilo, minha vida é uma desgraça, eu sou desgraçado" e etc. Por vezes chego a pensar que se ele tivesse seguido a carreira de ator, nossa situação financeira seria bem outra.
Minha mãe não vai bem, obrigada. A saúde vem se deteriorando, devido aos dias incansáveis de trabalho em casa, mais seus trabalhos mentais árduos para administrar da melhor forma as contas da casa. É estresse, noite sem dormir, dores de estômago, problemas na gengiva, problemas de circulação, problemas respiratórios, problemas nos nervos, e de todo o tipo que se pode imaginar. Creio que deva estar depressiva também.
O bem-estar não é algo que exista em minha residência.
A tensão no ar é grande e eu não possuo ânimo para aliviá-la.
Acredito que se eu arrumasse um emprego, tudo seria melhor. Mas lembro como foi quando resolvi largar tudo e ser atendente de telemarketing, e desisti na hora de trabalhar mais uma vez com algo que não fosse com o que estudo.
Pra ajudar tudo, tenho dois cães. É. Dois animaizinhos lindos. Uma vira-latas, Hana, e um beagle, Toby. O segundo é epilético. Descobrimos esse ano também, após muitas crises convulsivas, que nos tiraram o pouco de sossego. Ele toma muitos remédios, e as doses não estão muito reguladas ainda. O que o deixa transtornado, molenga e, por conta de sua indubitável falta de vergonha na cara, o põe em perigo latente. Essa semana, machucou um dos olhos. A culpa recaiu sobre a Hana, por suas crises violentas de ciúme, mas ainda tenho dúvidas.

Então... Fico aqui pensando: será que se eu tivesse escolhido outro curso, eu seria mais feliz, ou teria, ao menos, um pouco de paz? Será mesmo que tudo o que está acontecendo é uma puta sacanagem do kosmos, ou foi essa MINHA escolha errada que está atrapalhando tudo. Vejo pessoas que detesto aparentemente felizes pelas redes sociais, vivendo suas vidas e propagando amor. Eu só consigo propagar o vírus da gripe.
Agradeço, aqui, ao meu país, por me proporcionar um plano de carreira ótimo como professora, por valorizar o serviço de uma historiadora que ama o que faz, e principalmente, pelas campanhas super verdadeiras sobre a carreira do magistério, que me faz sentir muito mais idiota a cada dia.

Acabo o texto ainda com muito ódio no coração, e a espera do ano de 2013, se este realmente acontecer. Se 2012 for o ano do fim do mundo, só espero estar linda e maravilhosa, já que feliz me parece uma forma impossível de entrar para a eternidade dos astros.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Didi anticristo(?!)

Eu sempre evito de falar sobre religião, e tudo o que envolve por ser algo polêmico e, por vezes, ofensivo. Afinal de contas, tá rolando uma Guerra "Santa" há muitos anos em territórios no Oriente Médio justamente por isso.
Mas, sério, eu TENHO que postar algo sobre isso.
Hoje eu tive o desprazer de ver essa papagaiada de campanha do Didi Anticristo. 
É, o Renato Aragão, conhecido por ser embaixador da Unicef, patrono do Criança Esperança, o Didi dos Trapalhões... O mesmo que, há anos atrás, começou a vender uma imagem de católico fervoroso, indo a pé até Aparecida do Norte, subindo no braço do cristo Redentor no Rio de Janeiro e tudo o mais.
Pois bem. 
O novo filme dele, ao que parece, vai ter como temática algo levemente polêmico. 
Digo "levemente", pois não vejo nada de mais.
No enredo, ele será o segundo filho de Deus, que vai terminar de cumprir o papel de Jesus Cristo, propagando amor e paz pelo mundo. 


Lindo né?

Mas aparentemente, se dizer filho de Deus E propagar Amor e Paz no mundo é algo do Anticristo.

Meus amores... Sério.... Anticristo!?
Primeiro, procurem saber o que É o termo Anticristo. 
Anticristo (do grego αντιχριστός i.e. "opositor a Cristo") é uma denominação comum no Novo Testamento para designar aqueles que se oponham a Jesus Cristo, e também designa um personagem escatológico, que segundo a tradição cristã dominará o mundo nos últimos dias antes que haja a segunda vinda de Cristo.

Se ele, no filme, vai continuar o que Cristo vinha fazendo em vida... ACHO, apenas acho, se me é permitida interpretação correta de termos E de texto, que ele não está se opondo, mas reafirmando!

E depois, até onde eu sei, todos somos filhos de Deus, não é? Todos fomos enviados à Terra para continuar com os ensinamentos de Jesus sobre amor, paz, solidariedade e afins. Então, pensando por esse ponto de vista, NÓS somos o Anticristo também? 

Levando em conta o mesmo ser uma criatura escatológica, tem a ver até. Afinal... Estamos em 2012, não?


Meus queridos... Duas coisas:

1- Isso é medo do mundo acabar? Pois, se for, eu até entendo. Geral esperando o Anticristo medonhamente ornado com chifres e tridentes, e me vem o Didi com sua Turma. 

2- Sério... Vai lavar uma trouxa de roupas sujas. Certa vez minha professora de Ensino Religioso disse que não adiantava nada ficar propagando coisas em nome de Deus se você busca o Diabo em tudo. (Nesse caso, o tal Anticristo). Se cada um de vocês simplesmente fizesse sua parte como bons cristãos garanto que o mundo seria um lugar bem melhor, e minha timeline do Facebook cada vez menos beata. 


PS: Não sou cristã. Não possuo religião, e nem quero possuir. 
PS2: Mas que é presunção desse cara querer SOZINHO propagar os ensinamentos de Deus no mundo... Ah é xD

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Sem comentários


Hoje estou postando esse texto a fim de esclarecer alguns pormenores, acerca desse blog, do intuito da existência dele e tudo o mais que envolva esses temas. Também quero deixar claro o motivo de eu bloquear todos os comentários, inclusive os de quem eu conheço.

Há tempos eu pude notar uma gama imensa de idiotas (sim, idiotas!), que sequer se deram ao trabalho de perder tempo e ler a descrição do meu perfil, e entender o motivo de eu ser sempre tão ácida e irracional em todos os meus textos. Foram avalanches de comentários acerca de linguajar impróprio (bichinhas u.u), opiniões deturpadas, desrespeito a opiniões divergentes e afins.
Pois então, meus queridos, vou tentar ser BEM CLARA. Muito embora eu acredite que o fato de eu afirmar em meu perfil que sou uma desorientada, e que uso esse blog como terapeuta, já deixem a entender que quase tudo o que eu escrevo aqui não é necessariamente sério, muito menos meus gostos, pensamentos e opiniões se limitem a tal.

Criei esse blog enquanto estava na faculdade. Ele nada mais era do que uma piada com nossas aulas, nossas piadas internas. Tudo era pra ser uma bela brincadeira. A prova disso está nos antigos textos, se você estiver a fim, pode comprovar você mesmo!
Com o passar dos anos, e as dificuldades da minha vida, acabei recorrendo ao blog por puro comodismo. Ninguém que eu conhecia lia, e eu me sentia segura em extravasar meus pensamentos mais cretinos com desconhecidos.
Sempre gostei de escrever, e sempre me senti muito melhor escrevendo sobre meus pensamentos mais absurdos. Era como se eu tirasse todos eles de mim, de uma vez, e eles só ficassem presos ao texto. Era um exorcismo.
Bem, de certa forma, ainda é.

Por esse motivo, quero que entendam que: tudo o que escrevo aqui, e boa parte na realidade, nada mais são do que um exorcismo das minhas ideias mais profundas, reprimidas e contraditórias. É tudo aquilo que eu quero fora de mim. Tudo do que quero me livrar.

Recebi um comentário, em especial, num post do qual sempre acreditei ser o mais idiota de todos. “Coisas sobre mim”, ou algo do gênero. Eu fiz questão de responder esse comentário, mas acredito que a criatura sequer irá ver, e provavelmente vai cometer o mesmo erro de achar que eu preciso da opinião dela, e mais ainda: que eu quero mesmo que essas minhas ideias cretinas cheguem e inspirem alguém!
Meu querido, acorde! Não é porque tem nome de ex-presidente que pode se achar dono da razão!

Entenda rapaz. Eu NÃO quero que meu blog seja um sucesso, muito menos que seja conhecido. Isso aqui nada mais é do que uma materialização em palavras daquilo que eu mais detesto em mim. Eu realmente uso esse blog como válvula de escape, e me desculpe se você entendeu errado.
Sobre o fato de eu expor minhas opiniões de uma forma mais educada:
À merda! Sinceramente. Eu to puta da vida com mil coisas a minha volta me perturbando, e cara quer que eu seja educada?!
Meu amor, eu sou educada e plausível com minhas opiniões quando a ocasião exige que assim seja. OU SEJA, com gente que eu conheço, admiro e respeito... Em ocasiões que sei que posso garantir algum tipo de benefício, tanto profissional quanto pessoalmente.
Não vou querer que pessoas que eu desconheço, que nem sei se existem de fato e que não participam da minha vida, me respeitem. Ainda mais, que elas tomem por noção de personalidade um blog como este, onde eu mostro apenas um dos lados da minha personalidade: o colérico.
Assim como todo mundo, possuo muitas qualidades, assim como muitos defeitos. É opção minha expurgar meus demônios aqui, longe daqueles que não os merecem ter por perto.
Se eu quiser ser respeitada, certeza absoluta que não vai ser por conta das minhas reclamações e meus nhenhenhens mais baixos. Muito menos, por conta das minhas indiretas pra ex-companheiros e antigos amigos. Quero que me admirem pela minha inteligência, pelos meus talentos e, porque não, pela minha beleza!?
Mas com toda certeza do mundo, não vai ser com um blog que eu vou conseguir isso. Desprezo boa parte da turminha da High Society da internet por saber que o único círculo social deles é esse: o virtual.
Eu prefiro a vida real. Cheia de defeitinhos e carregada de realidade. Se eu quiser fantasiar, vou ler um bom livro.

Por isso, decidi que iria bloquear os comentários. Primeiro porque acabo me esquecendo de ver todos, e só os encontro meses depois. Segundo, porque tenho mais o que fazer da vida pra dar atenção a um bando de cretinos, que ACHAM que fazem muito comentando meus textos, como se eu precisasse da opinião deles pra, como é mesmo... Evoluir com “uma critica construtiva”.  Meu querido... Crítica construtiva eu só aceito de amigos e do orientador do meu TCC.  Vou bloquear os comentários, pois, desde o começo, esse blog foi um meio PESSOAL de eu expressar tudo aquilo que seria socialmente repulsivo. Eu deixo minhas opiniões racionais e mais corretas pra minha vida, junto com a ética que me é exigida no trabalho acadêmico. Pra quem eu desconheço, fica apenas a vontade de eu enxotar de mim aquilo que eu detesto, direcionando ao léu. Não quero ofender quem me cerca e quem se importa comigo, de verdade.
Também não quero ofender quem eu desconheço, mas se tem gente que se dói por eu achar as letras de Legião Urbana uma merda, sinto muito. A culpa não é minha se você não tem mais o que fazer da vida, NÉ!?

Praqueles que me conhecem, eu aceito comentários e sugestões via facebook, MSN, SMS, telefonema, e-mail ou, melhor ainda, na mesa de um boteco com uma bela Serramalte gelada na mesa.
Já pros outros... Se quiserem, sigam meu exemplo e criem um blog, falem o que quiserem de mim. Eu não vou ver mesmo. 

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Nós, os esquisitos.



Hoje, venho até aqui para representar uma classe em especial: os esquisitos.

Estranhos, bizarros, anormais, fora do comum... Criaturas que não se enquadram social ou psicologicamente em grupos pré-estabelecidos pela sociedade vigente.

Nós, os esquisitos.
Caracterizados principalmente por uma mescla de gostos incomuns, opiniões infindáveis e pensamentos desconexos. Bizonhos. Os seres que representam a metamorfose ambulante do ser, parecer e pensar. Mescla do crer e não crer.
Venho por meio dessa carta aberta expressar meu descontentamento. E devo dizer que todo ele é para com vocês, pessoas auto-classificadas como normais.
Devo dizer que esse descontentamento, e porque não essa mágoa, não vem de hoje, tampouco de dias ou meses atrás. Acrescento, ainda, que meu desagrado me acompanha por toda uma vida.

Desde que nasci, sou tratada como anormal. Filha única de mãe solteira, eu fui renegada em muitas igrejas católicas onde minha pobre mãe tentou me batizar. Graças a uma alma caridosa, um padre de uma igrejinha humilde aceitou realizar tal pleito imoral. Quando cresci, adquiri o hábito de lutar com espadinhas de plástico. (Minha preferida era azul escura, linda!). Mas meus coleguinhas do Maternal II pareciam não aceitar o fato de eu, uma garotinha magrela, pirar no cabeção com minhas espadinhas coloridas. Era quase todo dia que retornava a minha residência cheia de mordidas e marcas roxas de beliscões. Não era NORMAL uma menina tão pequena brincar com coisas de menino.
Aos seis anos de idade, aprendi a ler. Resultado de um esforço conjunto entre minha mãe, meu avô materno e minha professorinha da Pré Escola. Daí pra frente, a prática virou um hábito (que persiste até hoje), mas que, na época, era visto como incomum pela mãe de uma coleguinha. Ela dizia “Essa criança num é normal, leva numa psicóloga e vê o que tem”.  Por sorte, minha mãe sempre foi muito racional.
Fui crescendo, e a cada ano que passava, maior parte das pessoas NORMAIS ao meu redor me julgavam, criticavam, rotulavam, sem eu nem ao menos saber o motivo. Certa vez era eu que estava muito magra: “Filha de mãe solteira, coitadinha, por isso é desnutrida!”;  e sempre riam de mim. Por vezes, as demais crianças repetiam o que seus pais falavam em casa, na escola: “Nossa Deborah, você tem um pai!”.
Quando atingi certa idade, procurei tentar me encaixar entre vocês, os normais. Nada muito satisfatório, nem bem arranjado já que, todo esse esforço, acabou me rendendo só mais chacotas, apelidos jocosos e olhares oblíquos. Entendi, então, que deveria assumir o que eu era: uma esquisita.
Cresci pensando ser errada ao ser quem era; cresci achando que, se eu me adequasse talvez às pessoas gostassem mais de mim. Sempre busquei a aceitação dos que me cercavam, quando quem deveria me aceitar era eu mesma. Sofri.

Mas também sobrevivi. E estou muito bem, obrigada!
Quando encontrei a aceitação que precisava, resolvi me refugiar com os meus: os outros esquisitos. Estamos por toda a parte, nos esquivando dos seus olhares maldosos e seus julgamentos precipitados. Dos seus preceitos e conceitos deturpados... De todos os seus valores invertidos, da sua sociedade burguesa que, atualmente, prega a ditadura da felicidade. Vez ou outra, vocês se lembram da gente, quando precisam se sentir superiores a alguém, mas são incapazes de direcionar sua raiva para algo consciente. É sempre para nós que sua raiva é direcionada. Vocês se lembram de nós quando, no fundo, percebem que não conseguiram ser nada além do que aparentam ser: normais.
Segui o exemplo de meus iguais. Talvez por comodismo ou autodefesa, decidi que não iria mais me envolver em questões das quais vocês ditavam as regras.
Resolvi deixar o mundo nas mãos de vocês.

Erro meu. Erro de todos nós, os esquisitos.

Mas é em nome do mundo, que venho falar aqui. É em nome do mundo, que vocês normais fizeram o favor de cagar.

Confesso que meu quê revanchista adorou perceber que nenhum de vocês, que ria de mim, foi capaz de administrar esse planeta. Nenhum normal foi mais que o próprio excremento que evacua todas as manhãs, após tomar Activia.  Nenhum.

Nós, os esquisitos, viemos por meio dessa, avisar que vamos voltar.  
Que seu reinado repleto de normalidades está acabando, e que 2012 será o início do nosso retorno.
Nós esquisitos devemos, ainda, desculpas ao mundo. Não deveríamos, nunca, ter nos acomodado (seja por conforto ou medo). Nosso maior erro foi crer em todas as inverdades desses normais. Foi baixar a cabeça, e comprar suas ideias pútridas, baixas e medíocres.

Afinal, mediocridade hoje em dia, é muito normal.


 A prova histórica de que um de nós é capaz de ser genial. 
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Esquisito: adjetivo. Não usual, fora do comum. Raro, delicioso, excelente. Bem-acabado, primoroso. Extravagante, singular, excêntrico.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Curioso

É o fato de a minha postagem mais visitada ser a sobre "Aquarianos" e toda essa baboseira grosélica de astros e etc. O que me deixa mais curiosa e saber o motivo de as minhas outras postagens, com muito mais conteúdo filosófico, serem tão ignoradas em relação a essa.

Daí eu lembro que estou em um país onde comédia é levada a sério, políticos na brincadeira; onde exigem que atletas olímpicos ganhem medalhas de ouro sem sequer terem patrocínio para treinar; que se gaba do seu futebol como se este fosse AINDA o melhor do mundo mas não dá exemplo de igualdade (salarial) nem entre jogadores do mesmo time, quanto mais entre feminino e masculino; um país que liga mais pro ranking das olimpíadas do que pro ranking do IDH ou da educação.

Então deixei de achar tudo muito curioso, fiquei uns dez minutos puta da vida, mas acabei me acomodando na minha (não muito) confortável vida. Afinal, vou seguir o exemplo dos medíocres que me cercam e tentar ser feliz. Pois é isso que todo mundo quer, até as pessoas na timeline do meu Facebook.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Medo da prole medíocre

AVISO: O CONTEÚDO A SEGUIR LEVA EM CONTA APENAS MINHAS OPINIÕES PESSOAIS, ASSUMINDO A POSTURA DE  QUE AS SUAS, SE PORVENTURA QUEIRA EXPRESSÁ-LAS, NÃO SERÃO LEVADAS EM CONSIDERAÇÃO. OBRIGADA. 
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Ando assustada com a velocidade que o relógio corre, e isso se mostra muito aparente quando vejo pessoas a minha volta, tão crianças quanto eu fui um dia, casando e parindo.

É deveras assustador.

A ponto de me levar a pensar na possibilidade de eu, um dia, gerar descendentes.

De todos esses pensamentos divagantes, a unica resposta que me vem em mente: não.

Não quero ter filhos. Não para colocá-los em um mundo pútrido, assolado por guerras, destruição, preconceito, dor, desgraça... Não vou colocar uma criança em um um mundo condenado, abarrotado por pessoas insanas e tiranas, que oprimem alguns pobres coitados que tentam, a todo custo, sobreviver, já que VIVER, propriamente,  há muito deixou de ser cogitado. 
Mas como se não bastasse esse clichê marxista entre luta de classes, o tirano versus oprimido, hoje somos abastadamente cercados do ser medíocre. 
O medíocre se adapta perfeitamente a situação de oprimido, pouco se importa com isso, nada faz para mudar, se contenta em reclamar do corriqueiro e não move um dedo sequer pra ajudar quem de fato necessita. O medíocre não tem coração, não tem alma. 

Tenho medo de ter um filho. Medo de ter um filho que passe a vida como uma criatura infeliz e oprimida. Mas tenho mais medo de ter um filho e, este seja tão estúpido a ponto de achar que pode ser feliz em um mundo onde exista tanta infelicidade. 
Em um mundo onde 80% da população é que nem ele: medíocre.

Por ser professora, prezo muito pela educação e pela cultura. Também prezo pelo total desenvolvimento, físico e intelectual, de todos os meus alunos. 
E também pelo meu.

Parte da minha teoria de que o mundo está abarrotado de pessoas medíocres, que impedem uma mudança total da situação, por estarem felizes demais com sua posição patética é justamente a falta de educação; a não formação total do intelecto do ser. 
Tenho pra mim que para poder educar e criar um filho eu precise estar bem comigo mesma... Que é necessário eu já ter cumprido todas as minhas etapas de desenvolvimento psicológico e social (algo que eu não alcancei). Levando em conta que, por anos, as regras sociais ditavam que para uma pessoa completar seu círculo de vida deveria casar-se e ter um filho, logo depois. 
Tudo isso fez com que muitas pessoas, no mesmo estágio de desenvolvimento que eu, ou mais "atrasadas", gerassem crianças das quais não tiveram a capacidade de criar e propiciar total desenvolvimento... E assim por diante.

Por repudiar esse tipo de coisa, não quero ter filhos. Até segunda ordem. 
Enquanto eu não for boa o suficiente pra arcar com minhas próprias contas, já possuindo uma vida financeira estável, não quero. 
Também não quero ter filhos por me sentir excluída de um meio social onde todos os pertencentes veem isso como obrigatório. Não quero ter um filho se não vou ter a capacidade de criá-lo, educá-lo e amá-lo como ele o bem merece.
Queria que algumas pessoas, além de mim, pudessem pensar um pouco nisso antes de gerar seus próprios filhos.
Não que todos tenham que parar de gerar criancinhas fofas, pelo contrário. Mas que todos tenham noção que maternidade/paternidade não é uma moda, mas sim um compromisso pra vida toda, do qual não há mais volta ou oportunidade de recomeço. 

Eu "nasci sozinha", ou seja,  fui criada sozinha, tendo em vista que sou filha unica e a mais nova da família. 
Hoje, tenho muitos amigos. E isso me basta. 
Isso basta pra eu saber que não preciso gerar um filho por medo de ficar sozinha daqui alguns anos.
Se solidão for um problema eu adoto algum animal de estimação.
E ainda assim, não sei se sou de todo responsável. Mal cuido da minha cachorra, quem dirá de uma criança!



Além do mais, não quero deixar o universo glamouroso e alternativo dos espartilhos e das cinta-ligas tão logo. Não quero abandonar meus saltos agulha, minhas botas, meus coturnos.

Não quero deixar minhas noites de cervejada na casa de amigos ou em bares por conta disso. 

E aos que tem filhos e ainda o fazem... Sugiro uma babá, ou então vergonha na cara. 

segunda-feira, 2 de julho de 2012

As crianças não estão bem.

Não ando gostando desses meus surtos saudosistas, e até certo ponto revanchistas.
Mamãe sempre me disse que guardar rancor não faz bem e vingança é uma coisa feia. Falou também para eu perdoar as pessoas, e ter sempre com elas no coração um espaço reservado pros bons momentos.
Minha mãe é uma mulher sábia e muito boa. Boa demais.
Sei que um dia vou ter que superar tudo isso, e que já era pra eu ter me acostumado com a realidade do crescimento e das adaptações com as escolhas daqueles a quem amamos.

Mas não consigo.

Ainda é muito doído pra mim olhar pra trás e ver que nossos futuros, que estavam tão entrelaçados, se despedaçaram em muitos; um emaranhado de fitas coloridas que se desfez de um grande nó de sentimentos e cumplicidade pra ficarem livres ao vento.

Minha fita está toda amassada.

Sinto falta dos nossos intervalos juntos, das risadas, das promessas e das saídas. Das noites passadas no MSN, e até daquela vez em que fomos ao shopping comer sushi.
Sinto falta daquela famigerada festa de aniversário em que nos entupimos de doces e ficamos tirando fotos com a câmera alheia.
Sinto falta das nossas peripécias impensadas, que todos os adolescentes pensam em fazer. Queria atravessar de novo aquele farol da avenida em trenzinho com vocês. Pena que lá já não passam mais carros. Nem trenzinhos.

Quando fecho os olhos e começo a me lembrar desses doces momentos do nosso passado, sempre retorno pra mesma pergunta: O que aconteceu?

Acredito que a vida real se encarregou de arrastar a cada um de nós, com nossos gostos, orgulhos e escolhas, pra um canto.
Quero acreditar, ainda, que exista alguma realidade alternativa nesse imenso universo onde todos nós estejamos rindo, juntos, mais uma vez. E quem sabe, dessa vez, juntos para sempre.

Acredito que devo, ainda, pedir que me perdoem.
Já que eu mesma não sou capaz de perdoá-los. Pelas feridas que me causaram, pelos erros que cometeram, pelas escolhas que fizeram e que, de alguma forma, afetaram minha vida.
Peço que me perdoem, ainda, por eu não ser capaz de relevar tudo isso, e conviver normalmente com vocês. Não consigo relevar muitas coisas, e muitas dessas ainda me magoam. E falsidade nunca foi meu forte.

Peço também que aguardem.
Perdoar é um ato cristão, e eu não sou tão cristã assim. Mas prometo a vocês, em nome da amizade que um dia existiu entre nós, que eu perdoarei.
Infelizmente não posso garantir que tudo volte a ser como antes.
Só garanto que, aquele lugar reservado no coração, ainda está aqui.

Minha fita continua amassada depois dos nós desatados. Mas devo confessar que os laços que ainda faço com ela são lindos.


Uma pena vocês não fazerem parte deles.


Ou não.


Ao som de The kids aren't alright ~Offspring


"Agora a vizinhança está quebrada e dividida
As crianças cresceram mas suas vidas são passadas
Como pode uma pequena rua
Engolir tantas vidas..."

terça-feira, 24 de abril de 2012

E eu tive resposta.

Hoje, pela manhã, a gerente do Lopes Supermercados unidade Ponte Grande entrou em contato comigo, por telefone. 
Confesso que não esperava por uma resposta tão rápida, e digo que gostei. Muitas vezes a gente usa esses canais de reclamação e demoram meses pra alguma resposta, quem dirá atitude. Isso quando respondem, claro. 
O resolvido com o problema do esgoto: "O buraco é mais embaixo", já que os canos da rua estão entupidos e é necessário um serviço muito maior do que apenas um pedreiro pode fazer. Portanto, será uma solução paliativa. Com a pressão de um hidrante consegue se desentupir algo, e tirar a água podre empoçada. 
Com relação ao recolhimento de lixo: A medida é tentar fazer com que a empresa responsável (Quitaúna) venha recolher o lixo durante o dia, no horário de funcionamento da loja. Assim, é fácil lavar a sujeira e a segurança está presente para evitar o recolhimento deste lixo por outras pessoas, que não sejam da empresa responsável. 
Por ultimo, ela pediu desculpas pelo tratamento, e disse que há meses não recebia reclamações. 
Pois bem, eu até acredito. 
São tantos anos reclamando que certos funcionários acabam se tomando como donos da situação. 


Mas veremos. Espero mesmo que o problema se amenize, pois pra resolver certas coisas é difícil.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Mostro aqui minha reclamação


PrintScreen do registro da reclamação no "Fale Conosco" do portal Lopes Supermercados


Gostaria, sinceramente, de poder utilizar meu tempo livre para viver a minha vida sem incômodos, mas infelizmente certas coisas acabam me atrapalhando ou incomodando profundamente.
Moro na rua atrás do Lopes Ponte Grande, e há anos minha família e famílias vizinhas sofrem com muitos incômodos.
O principal deles é com a lixeira, que se localiza bem em frente a minha casa. O mau cheiro é insuportável. Em dias de recolhimento de lixo, se torna impossível permanecer em cômodos da casa, como a sala e a cozinha. O cheiro de comida podre é insuportável. Já reclamamos, chamamos a vigilância sanitária e nada se resolve. Estranhamente eles aparecem aqui, e saem rindo, sem nada resolver.
Outro problema, semelhante a esse, é a fossa que vive entupida, também em frente a minha casa. São dias e noites com o cheiro de "banheiro" na rua, além da água podre empoçada na rua. Em dias de dedetização, baratas e ratos gostam de invadir nossas casas.  Já reclamamos, mas dizem que nada pode ser feito.
Para ajudar, tem dias em que o recolhimento do lixo é acompanhado por membros de comunidades carentes, que fazem grande algazarra para conseguir pegar lixo, da lixeira, para consumo próprio. Muitas vezes as correntes da lixeira foram arrebentadas para tal. Já informamos a polícia, ao juizado de menores, e todo e qualquer órgão relacionado, mas todos dizem que é responsabilidade do mercado, não deles.
Eu nasci nessa casa, e convivi com esse tipo de situação por anos, desde que a lixeira foi instalada nos fundos do mercado, ao lado do setor de cargas e descargas. Todas as vezes que vi minha família reclamar, ou a de meus vizinhos, algum tipo de resposta nós recebíamos, mesmo que frustrante e negativa.
Mas dessa vez as coisas conseguiram ficar piores.
A unidade Ponte Grande possui uma nova gerente, da qual não é de agrado de nenhum morador do bairro, sendo eles vizinhos do mercado ou não. Sua falta de educação com os funcionários E com os clientes é tamanha que chega a envergonhar quem frequenta a unidade.
Gostaria, realmente, de saber que tipo de atitude eu e meus vizinhos devemos tomar para com a situação. São anos se arrastando, com a situação piorando ao invés de melhorar. E, agora, sem qualquer apoio da gerência ou de qualquer órgão público.
Será que vamos ter que entrar com alguma ação conjunta, ou podemos resolver com um acordo civilizado?
Aguardo resposta.


segunda-feira, 16 de abril de 2012

Eu também sinto saudades

Mas devo dizer que são saudades diferentes.

Saudades daqueles que se foram, mas não voltam mais. Saudades de um época que me trouxe muitos risos, mas que acabou.

Sinto saudades de cheiros, de sabores. Saudades de sons de risadas que, por mais que eu negue, marcaram minha vida.

Sinto saudades do que hoje eu repudio.

Sinto saudades dos meus avôs e avós, do meu poodle e dos meus brinquedos que quebraram. Saudades do tempo em que brigar pela internet era algo maduro e fora do comum.

De todas essas saudades, a que mais me dói é aquela que vem embargada de nostalgia. Quando junto com aquele sentimento gostoso vêm a dor da decepção e a mágoa adormecida.

Eu também sinto saudades das risadas, dos jogos de RPG e daquele tempo que não volta mais, minha cara. Mas hoje eu sei, e posso afirmar claramente:

Não me fazem falta.


sábado, 31 de março de 2012

10 fatos sobre mim

1- Não sou vegetariana. Não como carne porque não gosto.
Muito embora ache muito interessante a ideia, minhas crenças pessoas fazem com que eu desacredite que deixar de consumir carne fará do mundo um lugar mais justo para com os animais. E eu não estou defendendo posição alguma, apenas expondo meu ponto de vista.
Além do que, já tentei ser uma adepta há anos atrás, e em todas as vezes fui parar em um Pronto Socorro, já que tenho um problema de saúde que faz com que eu perca proteína pela urina. É eu deixar de consumir carne e lá vou eu pros complexos vitamínicos e para o soro.

2- Eu não curto o ideal pirata de ser.
Foi moda na época do "Piratas do Caribe" um zilhão de pessoas aderirem ao estilo de vida Pirata. Principalmente pras bandas do bairro da Liberdade, em São Paulo.
Não, eu não fazia parte daquele grupo. E não, não me arrependo disso.

3- Não gosto de Odin, não acredito em paraísos nórdicos e muito menos desejo ser um.
É costume dos fãs de Metal e adjacentes venerarem a mitologia nórdica a extremos, e achar que todo mundo que curte esses estilos musicais também o faz.
Queridos, acreditem, não! Eu mesma detesto. E se você namorasse um cara que se dissesse encarnação de Odin no mundo contemporâneo, você também detestaria, fikdik.

4- Não gosto de Legião Urbana.
Simples assim. Não gosto da banda. Muito errado o que esses grupos de estilos musicais fazem: essa banda todo mundo TEM que gostar, TEM que amar, TEM que venerar.
Na boa, acho merdinha boa parte das letras, e não vai ser porque meio mundo diz ser perfeito (sem nem escutar todas as músicas, a não ser os grandes sucessos) que vai me fazer mudar de ideia.
Sou muito mais Cazuza, embora eu sabia que nem rola comparar um com outro.

5- Não gosto de Velhas Virgens e afins.
Errado também é achar que eu gosto de bandas assim. Seria bem hipócrita da minha parte, já que critico muito as músicas de funk pelas letras cretinas e abusivas contra as mulheres. Não sou feminista, só tento ser o mais justa possível.
Muito embora eu admita que a "roupagem" Velhas Virgens é MUITO melhor do que a dos funk's da vida.

6- Curto a cultura japonesa mas não anseio ser uma descendente.
E isso se enquadra pra muitos amigos meus. Certeza.
Só porque a gente curte animes, doramas, mangás, músicas e cultura japonesa em geral, não significa que todos nós queiramos ser japoneses.

7- Não gosto de debater.
E o motivo é simples: quase ninguém que eu conheço sabe debater. Na maior parte do tempo só tendem a mostrar o motivo de estarem certos e você, errado. Um debate de verdade sempre leva em consideração ambos os lados e, principalmente, gozam de todo um respeito para com o outro lado.
Desconheço um número razoável de pessoas que sejam capazes de fazer isso. Nem eu sei se sou capaz disso.

8- Não gosto de Metallica.
Um adendo muito importante sobre minha pessoa. Eu sou fã de Iron Maiden. Jamé de Metallica. Não pela banda ser ruim ou algo do gênero. Sei da qualidade do som dos caras e os respeito muito. Só não gosto. Simples assim.

9- Não sou cristã.
Embora minha mãe tenha me enfiado nesse mundo cristão logo cedo, de forma alguma eu pertenço a ele. Não me identifico com seus pensamentos e crenças, e muito menos com a maioria das pessoas que encontrei no meu curto caminho frequentando missas e cultos. Não sou metida a satanista nem nada do gênero, só não acredito.

10- Não me importo com o que pensam sobre o que escrevo.
Só escrevi isso aqui no blog pois sei que ninguém, além dos meus amigos, o leem. E achei um tanto desrespeitoso para com aqueles meus companheiros que não sabem debater.
Problema seu se discordou e achou desnecessário. Se você é um desses e for comentar algo, nem tente. Eu nem vou ler e vou excluir mesmo, como já fiz com os outros.
É... E eu não sei lidar bem com críticas. Pelo menos não com aquelas vindas de semi-analfabetos que eu desconheço.

quarta-feira, 28 de março de 2012

Cacos, chicletes e mosaicos.



"Tristeza é que nem chiclete. Você tem que mastigar e mastigar, até que vire uma massa sem gosto e sem graça... Aí você cospe."*

Certa vez escutei essa frase, e ela ecoou em minha mente até então. E no dia de hoje, eu queria ter me lembrado dela, em uma súbita intervenção telefônica, regada a ressentimentos, dúvidas e lágrimas.

Por isso, vou escrever agora. Por isso, vou falar o que, naquela hora, não tive como dizer.
Você me disse que estava quebrada. Que não tinha mais o que fizessem com você, não sobrou um pedacinho inteiro. Você me disse estar em cacos.
E é aí que eu lhe digo, após remoer meus pensamentos entre as divagações eternas e absurdas dos meus colegas.
São dos cacos que nascem as melhores obras de arte. Os mais belos mosaicos, as mais lindas esculturas são moldadas em "cacos" de pedras, os fantásticos vitrais das catedrais góticas... O que é a música, se não a junção de seus "cacos", as notas musicais? E as pinturas, fragmentadas em cores e formas, partículas e mais partículas de pigmentos e porções de tinta.
As mais saborosas comidas são constituídas em partes; em "cacos" de sabores que, se consumidos separadamente, podem nos entorpecer tamanho o enjoo que nos causam.
Na natureza, a estrela-do-mar é o exemplo de regeneração. Por mais partes que você a divida, sempre surgem reconstituições, reproduções, vindas de seus "cacos".

Você está em cacos, sim. Mas o mundo não vai parar para que você possa colá-los.

Camilla, ninguém é inteiriço. Todos nós, seres humanos, somos feitos da junção de milhões de "cacos", que são quebrados e recolocados ao decorrer de nossas vidas.
Eu sei que você, inteligente e forte como é, vai conseguir juntar todos os caquinhos e montar um lindo mosaico e, assim, esfregá-lo na cara do mundo.

Mas enquanto você cria esse desenho juntando seus cacos, mastigue esse seu chiclete. Uma hora o sabor acaba, o amargo passa e, quando seu maxilar doer depois de tanto mastigar... Cuspa!

Mas cuspa na cara deles, ok?! ;)




* Escutei essa frase no terceiro episódio da série da TV Cultura, "Tudo o que é sólido pode derreter". Quem quiser pode assistir os episódios gratuitamente aqui.

segunda-feira, 12 de março de 2012

Chega de sonhos

Há alguns anos atrás, quando resolvi abrir mais um blog, não tive muito em que pensar quando escolhi o título “Dream”. Creio que é bem autoexplicativo. O sonho, pra mim, sempre foi a única forma em que eu poderia escapar da minha dura realidade; onde tudo sempre foi possível. Quando eu cresci, entrei na faculdade e comecei a estudar a fundo tudo aquilo que sempre me fascinou na história do mundo, acabei por mesclar meus sonhos com meus planos futuros. Coloquei-os em minha vida como um plano de metas, com as quais eu deveria seguir e cumprir. Meus sonhos se tornaram meus planos de vida.

Afoguei-me em utopias cem anos mais velhas que eu.

Logo quando terminei minha graduação e caí no mundo real, me deparei com um lugar que nada tinha de encantado, a não ser a grande quantidade de vilões que nele viviam.

E aqueles sonhos, que antes me impulsionavam para frente, adiante... Prendiam-me mais e mais a um passado frio e limoso, que em nada me acrescentava à vida.

E nesse momento eu me perdi.

Perdi-me entre sonhos funestos, que mais posso chamá-los de pesadelos. Minha vida pessoal virou um inferno, até hoje recolho os cacos da minha vida profissional. E então, tristemente, percebi que toda essa minha fascinação pelo mundo dos sonhos acabou se tornando um fardo.

Sonhei tanto que por muito tempo esqueci-me de viver vida. Estive ausente de mim mesma. Estive ausente do meu mundo, vivendo sonhos mofados de pessoas que sequer os tentaram viver.

Essa noite, eu sonhei. Mas não foi com você.

Nessa outra noite, quero um sono sem sonhos. Uma mente livre de pensamentos, bons ou ruins. Apenas a escuridão e o nada.

Chega de sonhos. Ao menos essa noite.