AVISO: O CONTEÚDO A SEGUIR LEVA EM CONTA APENAS MINHAS OPINIÕES PESSOAIS, ASSUMINDO A POSTURA DE QUE AS SUAS, SE PORVENTURA QUEIRA EXPRESSÁ-LAS, NÃO SERÃO LEVADAS EM CONSIDERAÇÃO. OBRIGADA.
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Ando assustada com a velocidade que o relógio corre, e isso se mostra muito aparente quando vejo pessoas a minha volta, tão crianças quanto eu fui um dia, casando e parindo.
É deveras assustador.
A ponto de me levar a pensar na possibilidade de eu, um dia, gerar descendentes.
De todos esses pensamentos divagantes, a unica resposta que me vem em mente: não.
Não quero ter filhos. Não para colocá-los em um mundo pútrido, assolado por guerras, destruição, preconceito, dor, desgraça... Não vou colocar uma criança em um um mundo condenado, abarrotado por pessoas insanas e tiranas, que oprimem alguns pobres coitados que tentam, a todo custo, sobreviver, já que VIVER, propriamente, há muito deixou de ser cogitado.
Mas como se não bastasse esse clichê marxista entre luta de classes, o tirano versus oprimido, hoje somos abastadamente cercados do ser medíocre.
O medíocre se adapta perfeitamente a situação de oprimido, pouco se importa com isso, nada faz para mudar, se contenta em reclamar do corriqueiro e não move um dedo sequer pra ajudar quem de fato necessita. O medíocre não tem coração, não tem alma.
Tenho medo de ter um filho. Medo de ter um filho que passe a vida como uma criatura infeliz e oprimida. Mas tenho mais medo de ter um filho e, este seja tão estúpido a ponto de achar que pode ser feliz em um mundo onde exista tanta infelicidade.
Em um mundo onde 80% da população é que nem ele: medíocre.
Por ser professora, prezo muito pela educação e pela cultura. Também prezo pelo total desenvolvimento, físico e intelectual, de todos os meus alunos.
E também pelo meu.
Parte da minha teoria de que o mundo está abarrotado de pessoas medíocres, que impedem uma mudança total da situação, por estarem felizes demais com sua posição patética é justamente a falta de educação; a não formação total do intelecto do ser.
Tenho pra mim que para poder educar e criar um filho eu precise estar bem comigo mesma... Que é necessário eu já ter cumprido todas as minhas etapas de desenvolvimento psicológico e social (algo que eu não alcancei). Levando em conta que, por anos, as regras sociais ditavam que para uma pessoa completar seu círculo de vida deveria casar-se e ter um filho, logo depois.
Tudo isso fez com que muitas pessoas, no mesmo estágio de desenvolvimento que eu, ou mais "atrasadas", gerassem crianças das quais não tiveram a capacidade de criar e propiciar total desenvolvimento... E assim por diante.
Por repudiar esse tipo de coisa, não quero ter filhos. Até segunda ordem.
Enquanto eu não for boa o suficiente pra arcar com minhas próprias contas, já possuindo uma vida financeira estável, não quero.
Também não quero ter filhos por me sentir excluída de um meio social onde todos os pertencentes veem isso como obrigatório. Não quero ter um filho se não vou ter a capacidade de criá-lo, educá-lo e amá-lo como ele o bem merece.
Queria que algumas pessoas, além de mim, pudessem pensar um pouco nisso antes de gerar seus próprios filhos.
Não que todos tenham que parar de gerar criancinhas fofas, pelo contrário. Mas que todos tenham noção que maternidade/paternidade não é uma moda, mas sim um compromisso pra vida toda, do qual não há mais volta ou oportunidade de recomeço.
Eu "nasci sozinha", ou seja, fui criada sozinha, tendo em vista que sou filha unica e a mais nova da família.
Hoje, tenho muitos amigos. E isso me basta.
Isso basta pra eu saber que não preciso gerar um filho por medo de ficar sozinha daqui alguns anos.
Se solidão for um problema eu adoto algum animal de estimação.
E ainda assim, não sei se sou de todo responsável. Mal cuido da minha cachorra, quem dirá de uma criança!
Além do mais, não quero deixar o universo glamouroso e alternativo dos espartilhos e das cinta-ligas tão logo. Não quero abandonar meus saltos agulha, minhas botas, meus coturnos.
Não quero deixar minhas noites de cervejada na casa de amigos ou em bares por conta disso.
E aos que tem filhos e ainda o fazem... Sugiro uma babá, ou então vergonha na cara.