Quando eu era criança, jamais sonhei em ser professora,
muito embora minha brincadeira preferida fosse dar aula às minhas bonecas.
Cresci ouvindo que ser professor era terrível. Cheios de responsabilidades,
desvalorizados moralmente e financeiramente. Ninguém respeitava o professor.
Quem ia querer ser professor aprendendo isso a vida toda?!
Cresci, escolhi minha graduação já sem a intenção de
lecionar.
Mas não consegui escapar da profissão que me escolheu tão
cedo. Porque acredito que foi isso... A profissão me escolheu.
Não por eu ser melhor que outros, ou por eu ter mais
capacidades. Mas porque eu sempre quis mudar o mundo.
E ser professor é isso. É você acordar todos os dias,
cansado das atitudes dos alunos, cansado do ambiente escolar maçante e
desgastante; é pensar em mudar de área pois não aguenta mais a falta de
interesse daqueles a quem você se dedica diariamente. É se empolgar com as
aulas preparadas e chegar na escola só para descobrir que nada do que você
planejou pode ser colocado em prática como você imaginou e, mesmo assim, ter
que seguir em frente. É lidar com um governo que te desmoraliza perante a
sociedade, te taxando de vagabundo enquanto você é o único que, deveras, se
importa com as futuras gerações.
É portar o estandarte da luz da sabedoria enquanto o mundo
fica nas trevas da ignorância, nessa batalha tão sofrida que é a educação desse
país.
Sofremos tantos ataques justamente por isso: somos os últimos
guerreiros em pé nessa cruzada contra a manipulação das mentes por parte dos
governos maquiavélicos, onde os meios nada importam, mas os fins os justificam.
Sei quão dura é essa batalha. E não julgo os que caíram no
trajeto, uma vez que esse ano mesmo eu já pensei diversas vezes em abandonar
meu posto.
Mas lembrei da Deborah criança, e da vontade dela de mudar o
mundo. E eu estou aguentando, em respeito a ela. Porque, bem no fundo, eu sei
que alguma mudança eu já fiz.
Parabéns pelo nosso dia. E força. Muita força.