quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Carta aos meus amigos.



Minha vida não anda lá aquelas coisas. Tenho um emprego que me sustenta, mas não me faz feliz. Vou mal das pernas quando o assunto é dinheiro, e a saúde não vai bem, obrigada. Meus únicos momentos de diversão são quando durmo... As vezes me distraio lendo algum livro. Sei que no fundo não posso reclamar. Tem muita gente por aí que gostaria de ter uma vida como a minha, e que trocaria de lugar facilmente comigo, afinal, sei e tenho consciência de que não passo de uma garota mimada da classe média, que gosta de reclamar dos traumas de infância só para ter um assunto mais interessante nas raras conversas de bar.




Mas... O que faz valer a pena?




O que me faz seguir em frente é aquilo que me segue de outras vidas, suponho. É o que me dá forças, e me dá esperanças também. Aquilo que me ergue nas horas mais difíceis, o que motiva (quando está longe) e sana minhas lágrimas.

Sou filha única e sempre convivi com meus fantasmas pessoais desde cedo. Era daquelas que, nas viagens á praia, me aproximava de qualquer outra criança só pra ter um pouco de companhia, pra variar. De uns anos pra cá, por conta de decisões pessoais e de ocorridos da vida, percebi que a tendência era a solidão. Sei que acabarei sozinha... Todos acabaremos. Mas... Eu tenho certeza que se depender de vocês, meus amigos e irmãos, eu sempre terei um remédio pras minhas dores, um ombro onde chorar e um sofá confortável e quentinho onde me abrigar da vida fria e cruel.




Nos conhecemos de outras vidas, isso eu tenho certeza. A coisa mais profunda que me aconteceu em anos, e duvido que exista alguma outra que se equipare a isso. Só queria que a vida parasse de me pregar peças e de ficar levando todos vocês pra longe de mim, me convertendo ao estado de torpor que a solidão me causa.




Amo vocês mais do que tudo o que poderia amar. Amo como se fossem meus irmãos, e acho que isso é muito, uma vez que não tenho irmãos de sangue. Não sei viver sem vocês, não consigo... E por mais que eu tente, sinto que acabarei por perder totalmente minha sanidade.




Só queria ter vocês por perto. Mas... Quem ama deixa livre, não é?

E eu amo tanto vocês que, dessa vez, vou deixar meu egoísmo doentio de lado, e deixar que vivam suas vidas, onde quer que elas os levem... Mesmo que seja pra longe de mim.

Eu vou ficar aqui... Esperando... Com minha sanidade por um fio nesse meio tempo, só na esperança de que um dia possamos voltar a dar risadas e beber algo refrescante á sombra, num dia de calor.




Vou morrer de saudades, mas também vou morrer de felicidade na hora que vocês voltarem.