É tanta coisa pra falar que nem sei por onde começar.
Estou tão frustrada, tão puta da vida com esse ano de merda, que sinceramente não consegui traçar uma linha clara de raciocínio para essa postagem. Principalmente porque tem um bando de imbecis, que não me conhecem, mas são cheios de criticar minha vida e o que escrevo aqui, pensando ser algum tipo de blog tentando ser cômico/irônico, e não vida real. Sério, se não entendeu ainda, isso é SIM um desabafo real, não é pra ser cômico ou irônico e, se você acha que é, suma dessa página já!
Enfim... Quando me demiti daquele lixo da Contax, coloquei na minha cabeça que encontraria um emprego na minha área. Afinal, sempre tive as melhores notas no colégio, as melhores notas da faculdade, e na pós-graduação a coisa vai progredindo muito bem. Tenho me dedicado ao meu TCC como jamais me dediquei a algo antes. Meus trabalhos são feitos a base de suor e sangue, de noites mal dormidas e força de raciocínio ímpares. Decidi que merecia algo mais do que o salário mínimo de atendente de telemarketing e os xingamentos dos clientes. Havia decidido, meses antes, quando deixei as aulas do Estado de São Paulo, que encontraria um emprego fixo, em alguma empresa onde eu poderia ficar por anos seguidos, sentindo a doce sensação de dever cumprido; a sensação única de saber que seu serviço é único.
É. Até agora nada. Até agora, estou desempregada. Há mais de um ano, estou esperando e correndo atrás de alguma empresa onde isso seja possível. Passei por todo tipo de situação no ano de 2012 procurando emprego. Uma mais revoltante que a outra. Se não era a empresa que era podre, como uma ONG Cristão, filiada a um partido político na Casa Verde, em São Paulo, como empresas terceirizadas de RH, que forneciam vagas fantasma na internet, com informações erradas ou, o mais provável, intencionalmente distorcidas. Até propostas de prostituição recebi ao me candidatar a uma vaga de vendedora de roupas. Desde então, me limitei a procurar serviços na minha área. Sou formada em história, e estou terminando uma pós-graduação em História da Arte. Amo o que estudo e o que escolhi. Mas isso parece não significar nada para o mundo.
Concomitantemente, a situação financeira da minha família não tem sido das melhores. Meu pai, que apesar dos 62 anos de idade (completos no dia de hoje), continua agindo como uma garoto de 15. Gasta dinheiro demais em coisas desnecessárias, vive a base de segredinhos fora de casa, some com amigos e parentes, reaparece horas depois, por vezes de madrugada, até alcoolizado, e ri como se nada acontecesse. Quando as contas começam a vencer, o bom humor e a disponibilidade, toda a jovialidade, parece se esvair no ar. São encenações copiosas da tal personagem Carminha que tendem a reaparecer aqui em casa, com explosões mútuas aos berros e mimimis de todo o tipo. "Porque eu sou isso, eu sou aquilo, minha vida é uma desgraça, eu sou desgraçado" e etc. Por vezes chego a pensar que se ele tivesse seguido a carreira de ator, nossa situação financeira seria bem outra.
Minha mãe não vai bem, obrigada. A saúde vem se deteriorando, devido aos dias incansáveis de trabalho em casa, mais seus trabalhos mentais árduos para administrar da melhor forma as contas da casa. É estresse, noite sem dormir, dores de estômago, problemas na gengiva, problemas de circulação, problemas respiratórios, problemas nos nervos, e de todo o tipo que se pode imaginar. Creio que deva estar depressiva também.
O bem-estar não é algo que exista em minha residência.
A tensão no ar é grande e eu não possuo ânimo para aliviá-la.
Acredito que se eu arrumasse um emprego, tudo seria melhor. Mas lembro como foi quando resolvi largar tudo e ser atendente de telemarketing, e desisti na hora de trabalhar mais uma vez com algo que não fosse com o que estudo.
Pra ajudar tudo, tenho dois cães. É. Dois animaizinhos lindos. Uma vira-latas, Hana, e um beagle, Toby. O segundo é epilético. Descobrimos esse ano também, após muitas crises convulsivas, que nos tiraram o pouco de sossego. Ele toma muitos remédios, e as doses não estão muito reguladas ainda. O que o deixa transtornado, molenga e, por conta de sua indubitável falta de vergonha na cara, o põe em perigo latente. Essa semana, machucou um dos olhos. A culpa recaiu sobre a Hana, por suas crises violentas de ciúme, mas ainda tenho dúvidas.
Então... Fico aqui pensando: será que se eu tivesse escolhido outro curso, eu seria mais feliz, ou teria, ao menos, um pouco de paz? Será mesmo que tudo o que está acontecendo é uma puta sacanagem do kosmos, ou foi essa MINHA escolha errada que está atrapalhando tudo. Vejo pessoas que detesto aparentemente felizes pelas redes sociais, vivendo suas vidas e propagando amor. Eu só consigo propagar o vírus da gripe.
Agradeço, aqui, ao meu país, por me proporcionar um plano de carreira ótimo como professora, por valorizar o serviço de uma historiadora que ama o que faz, e principalmente, pelas campanhas super verdadeiras sobre a carreira do magistério, que me faz sentir muito mais idiota a cada dia.
Acabo o texto ainda com muito ódio no coração, e a espera do ano de 2013, se este realmente acontecer. Se 2012 for o ano do fim do mundo, só espero estar linda e maravilhosa, já que feliz me parece uma forma impossível de entrar para a eternidade dos astros.